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Leia o texto para responder à questão.
Ao longo dos séculos, filósofos e artistas sempre elaboraram definições do belo; graças a esses testemunhos, é possível, portanto, reconstruir uma história das ideias estéticas através dos tempos. Já com o feio, foi diferente. Na maioria das vezes, o feio era definido em oposição ao belo e quase não se encontram tratados mais extensos consagrados ao tema, mas apenas menções parentéticas e marginais. Portanto, se uma história da beleza pode contar com uma ampla série de testemunhos teóricos (dos quais se poderá deduzir o gosto de uma determinada época), uma história da feiura terá de buscar seus próprios documentos nas representações visuais ou verbais de coisas ou pessoas percebidas de alguma forma como “feias”.
No entanto, a história da feiura tem algumas características em comum com a história da beleza. Antes de mais nada, a ideia de que os gostos das pessoas comuns correspondiam de alguma maneira aos gostos dos artistas de seu tempo não passa de uma
suposição
. Se um viajante vindo do espaço entrasse em uma galeria de arte contemporânea, visse os rostos femininos pintados por Picasso e ouvisse que os visitantes os consideram “belos”, poderia ter a impressão equivocada de que, na realidade cotidiana, os homens do nosso tempo consideram belas e desejáveis as criaturas femininas cujos rostos são semelhantes àqueles representados pelo pintor. Contudo, o viajante espacial poderia corrigir sua opinião se visitasse um desfile de moda ou um concurso de Miss Universo, nos quais veria celebrados outros modelos de beleza. Para nós, no entanto, isso não é possível: ao visitar épocas já distantes, não podemos fazer verificações desse tipo nem em relação ao belo, nem em relação ao feio, pois dispomos apenas dos testemunhos artísticos daqueles períodos.
(Umberto Eco (org.).
História da feiura
.
Trad. Eliana Aguiar. Rio de Janeiro, Record, 2007)
O autor estabelece uma comparação entre a história da beleza e a história da feiura para defender que a construção da segunda é
A)
mais difícil que a da primeira em virtude da escassez de registros.
B)
mais difícil que a da primeira por causa do caráter relativo dos gostos.
C)
mais difícil que a da primeira por se basear em relatos de filósofos e artistas.
D)
tão difícil quanto a da primeira devido à profusão de testemunhos de especialistas.
E)
tão difícil quanto a da primeira tendo em vista a confusão ao se traduzirem os teóricos.
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Ao longo dos séculos, filósofos e artistas sempre elaboraram definições do belo; graças a esses testemunhos, é possível, portanto, reconstruir uma história das ideias estéticas através dos tempos. Já com o feio, foi diferente. Na maioria das vezes, o feio era definido em oposição ao belo e quase não se encontram tratados mais extensos consagrados ao tema, mas apenas menções parentéticas e marginais. Portanto, se uma história da beleza pode contar com uma ampla série de testemunhos teóricos (dos quais se poderá deduzir o gosto de uma determinada época), uma história da feiura terá de buscar seus próprios documentos nas representações visuais ou verbais de coisas ou pessoas percebidas de alguma forma como “feias”.
No entanto, a história da feiura tem algumas características em comum com a história da beleza. Antes de mais nada, a ideia de que os gostos das pessoas comuns correspondiam de alguma maneira aos gostos dos artistas de seu tempo não passa de uma
suposição
. Se um viajante vindo do espaço entrasse em uma galeria de arte contemporânea, visse os rostos femininos pintados por Picasso e ouvisse que os visitantes os consideram “belos”, poderia ter a impressão equivocada de que, na realidade cotidiana, os homens do nosso tempo consideram belas e desejáveis as criaturas femininas cujos rostos são semelhantes àqueles representados pelo pintor. Contudo, o viajante espacial poderia corrigir sua opinião se visitasse um desfile de moda ou um concurso de Miss Universo, nos quais veria celebrados outros modelos de beleza. Para nós, no entanto, isso não é possível: ao visitar épocas já distantes, não podemos fazer verificações desse tipo nem em relação ao belo, nem em relação ao feio, pois dispomos apenas dos testemunhos artísticos daqueles períodos.
(Umberto Eco (org.).
História da feiura
.
Trad. Eliana Aguiar. Rio de Janeiro, Record, 2007)
De acordo com o texto, um aspecto que deve ser levado em conta no estudo das definições da beleza e da feiura diz respeito ao fato de que
A)
as pessoas comuns carecem de uma formação intelectual que as habilite a tecer algum julgamento quanto à aparência de seres e objetos.
B)
o gosto é pessoal, varia de indivíduo para indivíduo, e não costuma ser partilhado por integrantes de uma mesma comunidade.
C)
as representações artísticas não necessariamente traduzem o que as pessoas comuns consideram belo e feio no dia a dia.
D)
o julgamento torna-se isento de subjetividade quando considera o feio a partir dos atributos que lhe faltam e que estão presentes no belo.
E)
os conceitos de belo e feio, filosóficos por excelência, se alteram com o tempo, o que torna impraticável abordar o assunto teoricamente.
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Ao longo dos séculos, filósofos e artistas sempre elaboraram definições do belo; graças a esses testemunhos, é possível, portanto, reconstruir uma história das ideias estéticas através dos tempos. Já com o feio, foi diferente. Na maioria das vezes, o feio era definido em oposição ao belo e quase não se encontram tratados mais extensos consagrados ao tema, mas apenas menções parentéticas e marginais. Portanto, se uma história da beleza pode contar com uma ampla série de testemunhos teóricos (dos quais se poderá deduzir o gosto de uma determinada época), uma história da feiura terá de buscar seus próprios documentos nas representações visuais ou verbais de coisas ou pessoas percebidas de alguma forma como “feias”.
No entanto, a história da feiura tem algumas características em comum com a história da beleza. Antes de mais nada, a ideia de que os gostos das pessoas comuns correspondiam de alguma maneira aos gostos dos artistas de seu tempo não passa de uma
suposição
. Se um viajante vindo do espaço entrasse em uma galeria de arte contemporânea, visse os rostos femininos pintados por Picasso e ouvisse que os visitantes os consideram “belos”, poderia ter a impressão equivocada de que, na realidade cotidiana, os homens do nosso tempo consideram belas e desejáveis as criaturas femininas cujos rostos são semelhantes àqueles representados pelo pintor. Contudo, o viajante espacial poderia corrigir sua opinião se visitasse um desfile de moda ou um concurso de Miss Universo, nos quais veria celebrados outros modelos de beleza. Para nós, no entanto, isso não é possível: ao visitar épocas já distantes, não podemos fazer verificações desse tipo nem em relação ao belo, nem em relação ao feio, pois dispomos apenas dos testemunhos artísticos daqueles períodos.
(Umberto Eco (org.).
História da feiura
.
Trad. Eliana Aguiar. Rio de Janeiro, Record, 2007)
A figura do viajante vindo do espaço serve ao propósito de
A)
mostrar como a percepção do belo provoca um impacto distinto do causado pela percepção do feio em contextos análogos.
B)
justificar a impossibilidade de se estabelecer um critério racional para se estudar o gosto em termos históricos.
C)
explicar como o ponto de vista de um homem do povo na presença do belo não deve ser comparado com o de um artista.
D)
ilustrar a possibilidade de alguém avaliar de perto as concepções do belo e do feio em um contexto distante de seu próprio.
E)
evidenciar a importância de se dominar o idioma estrangeiro para se apreciar a beleza de uma cultura recém-descoberta.
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No entanto, a história da feiura tem algumas características em comum com a história da beleza. Antes de mais nada, a ideia de que os gostos das pessoas comuns correspondiam de alguma maneira aos gostos dos artistas de seu tempo não passa de uma
suposição
. Se um viajante vindo do espaço entrasse em uma galeria de arte contemporânea, visse os rostos femininos pintados por Picasso e ouvisse que os visitantes os consideram “belos”, poderia ter a impressão equivocada de que, na realidade cotidiana, os homens do nosso tempo consideram belas e desejáveis as criaturas femininas cujos rostos são semelhantes àqueles representados pelo pintor. Contudo, o viajante espacial poderia corrigir sua opinião se visitasse um desfile de moda ou um concurso de Miss Universo, nos quais veria celebrados outros modelos de beleza. Para nós, no entanto, isso não é possível: ao visitar épocas já distantes, não podemos fazer verificações desse tipo nem em relação ao belo, nem em relação ao feio, pois dispomos apenas dos testemunhos artísticos daqueles períodos.
(Umberto Eco (org.).
História da feiura
.
Trad. Eliana Aguiar. Rio de Janeiro, Record, 2007)
No trecho “Antes de mais nada, a ideia de que os gostos das pessoas comuns correspondiam de alguma maneira aos gostos dos artistas de seu tempo não passa de uma
suposição
.” (2
o
parágrafo), a palavra em destaque se refere ao fato de que
A)
a equivalência entre o gosto popular e o gosto erudito depende da subjetividade do artista.
B)
o acesso ao gosto de um povo por meio de sua arte é intermediado por hipóteses.
C)
os artistas mais representativos de um povo são os que mais bem reproduzem seu gosto.
D)
o estudo da relação entre arte e gosto popular é o que mais se presta à sistematização científica.
E)
o gosto dos artistas mais célebres certamente se contrapõe ao gosto em voga em sua época.
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No entanto, a história da feiura tem algumas características em comum com a história da beleza. Antes de mais nada, a ideia de que os gostos das pessoas comuns correspondiam de alguma maneira aos gostos dos artistas de seu tempo não passa de uma
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(Umberto Eco (org.).
História da feiura
.
Trad. Eliana Aguiar. Rio de Janeiro, Record, 2007)
Um trecho do texto que fica pontuado corretamente após o acréscimo da vírgula é:
A)
... o feio era definido em oposição ao belo, e quase não se encontram tratados mais extensos consagrados ao tema... (1
o
parágrafo)
B)
... uma história da feiura terá de buscar, seus próprios documentos nas representações visuais ou verbais de coisas ou pessoas percebidas de alguma forma como “feias”. (1
o
parágrafo)
C)
... a ideia de que os gostos das pessoas comuns correspondiam de alguma maneira aos gostos dos artistas, de seu tempo não passa de uma suposição. (2
o
parágrafo)
D)
... os homens do nosso tempo consideram belas e desejáveis as criaturas femininas cujos rostos são semelhantes, àqueles representados pelo pintor. (2
o
parágrafo)
E)
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o
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