1 Eram 4 da manhã no edifício Justus Lipsius, em Bruxelas, quando, finalmente, veio a notícia de que, após quase dez horas de negociações tensas, os líderes da Zona do Euro 4 haviam chegado a um aguardado acordo “abrangente” para salvar o euro. Diplomatas ligaram para seus contatos que estavam no local da cúpula para descobrir o que exatamente 7 fora decidido. “Achamos que chegamos a um acordo, mas não sabemos bem em que ele consiste”, foi a resposta de um negociador exausto. Conforme eles mesmos admitem, os 10 líderes às vezes tiveram dificuldade para entender a complexa engenharia financeira que deveriam aprovar para transformar seu “estilingue” financeiro inadequado na “grande bazuca” que 13 o mundo lhes exigia. Ao amanhecer de 27 de outubro, porém, eles conseguiram anunciar, orgulhosamente, um “conjunto abrangente de medidas adicionais que reflete nossa forte 16 determinação de fazer o que for preciso para superar as dificuldades que atravessamos”. O risco da morte prematura. In: CartaCapital, 9/11/2011 (com adaptações).
1 As obras para melhoria das rodovias federais brasileiras viraram um jogo de faz de conta: as empresas responsáveis por elas fazem de conta que estão tocando os 4 trabalhos, e o governo finge que acredita. Já os usuários dessas vias são obrigados a enfrentar a vida real, que é feita de trechos congestionados, esburacados e índices de acidentes que 7 aumentaram mais de 50% nos últimos cinco anos. Em 2007, o governo licitou um pacote que incluiu a Régis Bittencourt, principal corredor entre São Paulo e o sul do país, a 10 Fernão Dias, que une a capital paulista à mineira, e outras cinco rodovias importantes do Sul e do Sudeste do país. Com a Dutra, elas formam o cerne da malha rodoviária nacional. 13 De acordo com o edital de privatização, as empresas que ganharam o direito de explorá-las deveriam ampliar o seu número de faixas e construir contornos e ramais com vistas a 16 desatar os nós que as asfixiam. A reportagem percorreu de carro 4.500 quilômetros dessas estradas para chegar a uma conclusão assustadora. Quatro anos depois da privatização 19 “baratinha”, nenhuma das grandes obras previstas saiu do papel. Kalleo Coura. O golpe do pedágio barato. In: Veja, 16/11/2011 (com adaptações).
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