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#477195
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prova:
31069
•
questão 1
simulado
•
prova
•
edital
Português
•
Interpretação de Textos
2007
•
FCC
•
TRF - 4ª Região
•
Analista Judiciário - Área Judiciária - Execução de Mandados
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Atenção
: As questões de números 1 a 20 referem-se ao texto
que segue.
Para que servem as ficções?
Cresci numa família em que ler romances e assistir a
filmes, ou seja, mergulhar em ficções, não era considerado uma
perda de tempo. Podia atrasar os deveres ou sacrificar o sono
para acabar um capítulo, e não era preciso me trancar no
banheiro nem ler à luz de uma lanterna. Meus pais, eventualmente,
pediam que organizasse melhor meu horário, mas deixavam
claro que meu interesse pelas ficções era uma parte
crucial (e aprovada) da minha "formação". Eles sequer exigiam
que as ditas ficções fossem edificantes ou tivessem um valor
cultural estabelecido. Um policial e um Dostoiévski eram tratados
com a mesma deferência. Quando foi a minha vez de ser
pai, agi da mesma forma. Por quê?
Existe a idéia (comum) segundo a qual a ficção é uma
"escola de vida": ela nos apresenta a diversidade do mundo e
constitui um repertório do possível. Alguém dirá: o mesmo não
aconteceria com uma série de bons documentários ou ensaios
etnográficos? Certo, documentários e ensaios ampliam nossos
horizontes. Mas a ficção opera uma mágica suplementar.
Tome, por exemplo, "O Caçador de Pipas", de Khaled
Hosseini. A leitura nos faz conhecer a particularidade do Afeganistão,
mas o que torna o romance irresistível é a história singular
de Amir, o protagonista. Amir, afastado de nós pela particularidade
de seu grupo, revela-se igual a nós pela singularidade
de sua experiência. A vida dos afegãos pode ser objeto
de um documentário, que, sem dúvida, será instrutivo. Mas a
história fictícia "daquele" afegão o torna meu semelhante e meu
irmão.
Esta é a mágica da ficção: no meio das diferenças
particulares entre grupos, ela inventa experiências singulares
que revelam a humanidade que é comum a todos, protagonistas
e leitores. A ficção de uma vida diferente da minha me ajuda a
descobrir o que há de humano em mim.
Enfim, se perpetuei e transmiti o respeito de meus pais
pelas ficções é porque elas me parecem ser a maior e melhor
fonte não de nossas normas morais, mas de nosso pensamento
moral.
(Contardo Calligaris,
Folha de S. Paulo
, 18/01/2007)
O autor do texto vale-se dos conceitos de "particularidade" e "singularidade" para desenvolver a idéia de que
A
tanto os documentários como as ficções apresentam teses genéricas e abstratas acerca das diferenças entre os grupos étnicos.
B
as diferenças entre grupos, particularizadas em ensaios e documentários, dão lugar às semelhanças humanas, singularizadas nas ficções.
C
as diferenças entre grupos são apontadas com maior rigor nas ficções que em ensaios científicos ou documentários étnicos.
D
os valores singularizados nas ficções ganham maior alcance e compreensão quando particularizados em ensaios ou documentários.
E
as ficções caracterizam-se pela capacidade de particularizar as experiências humanas singularizadas nos documentários e ensaios.
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Interpretação de Textos
2007
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FCC
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TRF - 4ª Região
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Analista Judiciário - Área Judiciária - Execução de Mandados
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Atenção
: As questões de números 1 a 20 referem-se ao texto
que segue.
Para que servem as ficções?
Cresci numa família em que ler romances e assistir a
filmes, ou seja, mergulhar em ficções, não era considerado uma
perda de tempo. Podia atrasar os deveres ou sacrificar o sono
para acabar um capítulo, e não era preciso me trancar no
banheiro nem ler à luz de uma lanterna. Meus pais, eventualmente,
pediam que organizasse melhor meu horário, mas deixavam
claro que meu interesse pelas ficções era uma parte
crucial (e aprovada) da minha "formação". Eles sequer exigiam
que as ditas ficções fossem edificantes ou tivessem um valor
cultural estabelecido. Um policial e um Dostoiévski eram tratados
com a mesma deferência. Quando foi a minha vez de ser
pai, agi da mesma forma. Por quê?
Existe a idéia (comum) segundo a qual a ficção é uma
"escola de vida": ela nos apresenta a diversidade do mundo e
constitui um repertório do possível. Alguém dirá: o mesmo não
aconteceria com uma série de bons documentários ou ensaios
etnográficos? Certo, documentários e ensaios ampliam nossos
horizontes. Mas a ficção opera uma mágica suplementar.
Tome, por exemplo, "O Caçador de Pipas", de Khaled
Hosseini. A leitura nos faz conhecer a particularidade do Afeganistão,
mas o que torna o romance irresistível é a história singular
de Amir, o protagonista. Amir, afastado de nós pela particularidade
de seu grupo, revela-se igual a nós pela singularidade
de sua experiência. A vida dos afegãos pode ser objeto
de um documentário, que, sem dúvida, será instrutivo. Mas a
história fictícia "daquele" afegão o torna meu semelhante e meu
irmão.
Esta é a mágica da ficção: no meio das diferenças
particulares entre grupos, ela inventa experiências singulares
que revelam a humanidade que é comum a todos, protagonistas
e leitores. A ficção de uma vida diferente da minha me ajuda a
descobrir o que há de humano em mim.
Enfim, se perpetuei e transmiti o respeito de meus pais
pelas ficções é porque elas me parecem ser a maior e melhor
fonte não de nossas normas morais, mas de nosso pensamento
moral.
(Contardo Calligaris,
Folha de S. Paulo
, 18/01/2007)
Considere as seguintes afirmações:
I. Apesar da opinião que tinham seus pais sobre o que deveria constituir a "formação" de um jovem, o autor entregava-se ao prazer que lhe proporcionavam as formas ficcionais.
II. O autor reconhece que documentários e ensaios, ao contrário das ficções, ampliam nossos horizontes e exploram as diversidades da vida social.
III. O poder da ficção, para o autor, está em nos fazer reconhecer, a partir de um indivíduo fictício, o sentido de uma humanidade que é tanto dele como nossa.
Em relação ao texto, está correto
somente
o que se afirma em
A
I.
B
II.
C
III.
D
I e II.
E
II e III.
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questão 3
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Interpretação de Textos
2007
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FCC
•
TRF - 4ª Região
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Atenção
: As questões de números 1 a 20 referem-se ao texto
que segue.
Para que servem as ficções?
Cresci numa família em que ler romances e assistir a
filmes, ou seja, mergulhar em ficções, não era considerado uma
perda de tempo. Podia atrasar os deveres ou sacrificar o sono
para acabar um capítulo, e não era preciso me trancar no
banheiro nem ler à luz de uma lanterna. Meus pais, eventualmente,
pediam que organizasse melhor meu horário, mas deixavam
claro que meu interesse pelas ficções era uma parte
crucial (e aprovada) da minha "formação". Eles sequer exigiam
que as ditas ficções fossem edificantes ou tivessem um valor
cultural estabelecido. Um policial e um Dostoiévski eram tratados
com a mesma deferência. Quando foi a minha vez de ser
pai, agi da mesma forma. Por quê?
Existe a idéia (comum) segundo a qual a ficção é uma
"escola de vida": ela nos apresenta a diversidade do mundo e
constitui um repertório do possível. Alguém dirá: o mesmo não
aconteceria com uma série de bons documentários ou ensaios
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horizontes. Mas a ficção opera uma mágica suplementar.
Tome, por exemplo, "O Caçador de Pipas", de Khaled
Hosseini. A leitura nos faz conhecer a particularidade do Afeganistão,
mas o que torna o romance irresistível é a história singular
de Amir, o protagonista. Amir, afastado de nós pela particularidade
de seu grupo, revela-se igual a nós pela singularidade
de sua experiência. A vida dos afegãos pode ser objeto
de um documentário, que, sem dúvida, será instrutivo. Mas a
história fictícia "daquele" afegão o torna meu semelhante e meu
irmão.
Esta é a mágica da ficção: no meio das diferenças
particulares entre grupos, ela inventa experiências singulares
que revelam a humanidade que é comum a todos, protagonistas
e leitores. A ficção de uma vida diferente da minha me ajuda a
descobrir o que há de humano em mim.
Enfim, se perpetuei e transmiti o respeito de meus pais
pelas ficções é porque elas me parecem ser a maior e melhor
fonte não de nossas normas morais, mas de nosso pensamento
moral.
(Contardo Calligaris,
Folha de S. Paulo
, 18/01/2007)
A frase que bem ilustra o que entende o autor por "mágica suplementar" é:
A
(...)
perpetuei e transmiti o respeito de meus pais pelas ficções (...)
B
Eles sequer exigiam que as ditas ficções fossem edificantes ou tivessem um valor cultural estabelecido.
C
Certo, documentários e ensaios ampliam nossos horizontes.
D
Um policial e um Dostoiévski eram tratados com a mesma deferência.
E
(...)
a história fictícia "daquele" afegão o torna meu semelhante e meu irmão.
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que as ditas ficções fossem edificantes ou tivessem um valor
cultural estabelecido. Um policial e um Dostoiévski eram tratados
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Existe a idéia (comum) segundo a qual a ficção é uma
"escola de vida": ela nos apresenta a diversidade do mundo e
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mas o que torna o romance irresistível é a história singular
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de um documentário, que, sem dúvida, será instrutivo. Mas a
história fictícia "daquele" afegão o torna meu semelhante e meu
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Esta é a mágica da ficção: no meio das diferenças
particulares entre grupos, ela inventa experiências singulares
que revelam a humanidade que é comum a todos, protagonistas
e leitores. A ficção de uma vida diferente da minha me ajuda a
descobrir o que há de humano em mim.
Enfim, se perpetuei e transmiti o respeito de meus pais
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moral.
(Contardo Calligaris,
Folha de S. Paulo
, 18/01/2007)
Considerando-se o contexto, traduz-se corretamente o sentido de uma frase ou expressão do texto em:
A
sequer exigiam que as ditas ficções fossem edificantes
= nem ao menos impunham que as supostas atividades tivessem algum valor ficcional.
B
eram tratados com a mesma deferência
= eram considerados como formas indistintas de expressão.
C
a ficção opera uma mágica suplementar
= a ficção se investe de uma magia excessiva.
D
não de nossas normas morais, mas de nosso pensamento moral
= não da moralidade pragmática, mas da moralidade reflexiva.
E
afastado de nós pela particularidade de seu grupo
= que nos impede de reconhecer sua excentricidade étnica.
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Existe a idéia (comum) segundo a qual a ficção é uma
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Tome, por exemplo, "O Caçador de Pipas", de Khaled
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mas o que torna o romance irresistível é a história singular
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e leitores. A ficção de uma vida diferente da minha me ajuda a
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Enfim, se perpetuei e transmiti o respeito de meus pais
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É INCORRETO afirmar que o autor do texto
A
considera reprovável a idéia, muito disseminada, de que a ficção é uma "escola de vida".
B
não deixa de creditar à formação que recebeu em casa um valor que ele próprio viria, quando pai, a incorporar como formador.
C
deparou-se, ao ler o romance de Khaled Hosseini, com mais um caso em que se pode constatar a "mágica da ficção".
D
não considera que o caráter ficcional de um romance seja um obstáculo para a compreensão da realidade humana.
E
entende que uma história fictícia pode ampliar nossos horizontes ainda mais do que um documentário realista.
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